10 de jun. de 2007

Precipício

Ouvi dizer que o Amor é magnífico,
Que seus frutos são únicos,
Que sua magia é perfeita,
Que sua harmonia é plena.

Não sei se lá fora há lua,
Só sei que sol ainda não há.
Daqui, não percebo som algum na rua.
Espero que a noite nunca se vá.

Minha vida é profundamente obscura,
Por isso quero que a noite seja eterna,
Para que meu mal não tenha cura.
Sou um afogado, e o Sol seria uma lanterna.

Não quero me salvar!
Deixe-me morrer!
Quero ser levado pelo mar!
Só depois do meu fim irá amanhecer.

Sei exatamente de onde vem minha dor,
E a conservo como uma delicada flor,
Armado contra tudo que vier a se impor.
Ela é filha do Amor!

Amor... Maldito Amor!
Sentimento egoísta e dominador,
Que causa frio e ao mesmo tempo calor!
Cruel, doce, atroz, destruidor...

Senti que o Amor é algo muito específico,
Que pode gerar frutos trágicos,
Que sua magia é rara,
Que sua plenitude pode ser grotesca.

O Amor é o inicio da queda,
As rochas o meio do caminho,
O fundo do oceano o fim.

O precipício é onde a teia se desenrola.
O choque são as mágoas e fraturas expostas.
Se perder nas águas é o depois...
E aí, só restam as cicatrizes...

Amor... Amei e novamente amo.
Esse sentimento me torna insano.
Me sinto puramente humano.
E fica a dúvida se é só mais um engano...

Gustavo A. Lacerda

Um comentário:

Hobbes disse...

De todos que li do blog esse foi o que mais gostei! Digamos que me identifiquei. :)