21 de set. de 2009

Meu Mundo e Eu

O meu mundo é outro.

Não é o mesmo deles

E também não é o mesmo daqueles.


O meu mundo é meu,

E o máximo que posso é conceder

Não mais que uma fatia,

Com gosto e cheiro de tempo.


O meu mundo é meu

E eu pertenço ao meu mundo.

Porém, do tempo, eu só tenho o cheiro,

Que conservo em minha boca,

O divido em fatias e lhe concedo uma

Através da qual você há de imaginar um gosto


O tempo não tem cheiro

O tempo não tem gosto

O tempo é como a água em um rio

Que segue seu curso ininterruptamente

O tempo não mente e não tem pretensões.


Se seu mundo deixa de ser seu,

Também deixa você de pertencer a si

E passa a pertencer ao mundo de outrem.


Inexiste aquele que perde seu mundo,

E viver não passa de vagar a deriva do tempo,

Que consome como que somente quer matar a fome.


O tempo não tem cheiro.

O tempo não tem gosto.

Mas o tempo tem fome

E ele consome quem não tem seu próprio mundo.


O meu mundo é meu

E eu pertenço ao meu mundo.

Porém, do tempo, eu mesmo só tenho o cheiro,

Que conservo em minha boca

E que, mesmo assim, me foge em baforadas

A cada tragada no meu marlboro light.


Meu mundo e eu somos um do outro,

Mas o tempo é solitário e senhor de si.


Gustavo Lacerda