16 de out. de 2010

Sem um Nome Meu

Sob o edredom, meu corpo quente,
Solitário, pulsante, nu.

Sua carne tenra desliza
Entre minhas pernas tremulas.
Sua pele macia me causa arrepios,
E atrai para si cada pelo meu.

Minhas mãos contornam suas curvas,
Que controlam meus batimentos cardíacos
Juntamente com seus lábios firmes,
Beijando cada centímetro até engolir-me
Pela boca minha, que, a cada fuga sua,
Permite os dentes meus cravarem-se em teu pescoço.

Nossos corpos se contorcem e se entrelaçam.
Ora você encarna em mim,
Ora encarno eu em ti.

Nossas carnes se confundem,
Nossas carnes nos dominam,
Tamanho é o desejo de um consumir o outro,
Tamanho é o desejo de um ser consumido pelo outro!

Um raio corta o silêncio e a escuridão.
Acordo nu, só, ofegante e húmido
Você ainda nunca esteve aqui.

Gustavo Lacerda.

À Mesa

Uma long neck que custa a ficar vazia.
Um copo solitário de cerveja morna.
Um par de olhos inquietos,
Que conduzem uma mão firme,
Que suporta dedos fervorosos.

Óculos escuros para uma noite sem luz,
Combinando com a caixa preta de cigarros.
Cigarros para anestesiar o corpo,
Enquanto a vida se dissipa entre um trago e outro.

Um caderno de folhas brancas,
Aos poucos preenchidas em suas linhas de preto.
Uma caneta flutuante,
Que desliza freneticamente em pensamentos incertos.

Um homem branco de camisa xadrez vermelha
Sentado, calado, desafiando-se em versos, descomprometido,
Importando-se apenas com a cerveja e os cigarros, à espera de nada.

Gustavo Lacerda.

A Loira de Vestido Verde

Um mastiga em silêncio e com olhar perdido,
A outra faz o mesmo, a loira.
Olhares perdidos, inquietos tanto quanto as bocas,
Que não falam, apenas trabalham.

A loira de vestido verde ora murmura,
E o outro, com seus olhos fundos, responde.
Os olhos inquietos buscam tudo,
Menos o que está a frente.

As palavras vêm em meias frases.
De repente, um breve beijo
E um afago com cheiro de queijo
Dos dedos da loira de vestido verde.

Verde água, sem vida, pastel,
Assim como os cabelos descuidados,
Combinando com a palidez do parceiro.

Ela tingira os cabelos e vestira-se com cores pastel.
E o tempo juntos era tanto,
Que a falta de assunto tornara-se falta de intimidade.

Gustavo Lacerda.

O Senso e o Vento

Bem mais que o senso,

Que rotulam como tendo de ser bom.

Bem mais que o vento,

Que só não se julga “senhor de si” por não ser racional

- Torna-se pleno de tão intenso.


O senso, quando não é bom, inexiste.

O vento, quando pensa, cessa.

Inexistência é sinônimo de incompreensão.

Ceção é sinônimo de arrogância.

Incompreensão pelo que é diferente do esperado.

Arrogância por se saber necessário e agradável.


Bem mais que o senso!

Bem mais que o vento!

Plenamente intenso, imenso,

O amor que tenho por você.


Gustavo Lacerda.