2 de jul. de 2009

Cativo da Vida

Desculpe-me, mas não vou me desculpar com você.

Soa contraditório o que acabo de dizer,

Mas coerência demais é fruto de ensaio.


Não vou mentir para acalmar seu coração.

Em breve, não serei mais que uma recordação,

Só acessada quando revirada aquela gaveta

Bagunçada, cheia de contas pagas

E algumas fotografias trilhadas pelas traças.


O tempo vem, vai e leva consigo a vida.

E é ela, a vida, quem nos detém

E nos arrasta consigo, nos fazendo crer sermos nós a levá-la por aí.


Os sentimentos mudam com os pensamentos,

Que não param nem para que se durma em paz,

Não cessam, não dão sequer uma breve trégua

Para que se possa recompor-se.


Não se controle, deixe-se levar!

Você não tem forças para resistir as ocasiões,

E ocasiões nada mais são que armadilhas,

Tramóias da vida para brincar com todos.


É indiferente o que se possa dizer,

Quando o que de fato conta é aquilo que

Só se pode ouvir no silêncio,

Nos movimentos do corpo,

Nas expressões reservadas da alma.


Não importa o que seja dito!

Cedo ou tarde, será esquecido.

Por isso não minto e não nego.

Por isso não há culpa para desculpa.


Que os corações se desesperem

E se explodam diante das verdades

De quem se sabe cativo da vida!


Gustavo Lacerda