10 de jun. de 2007

Pobre Coitado

Como é a sensação de me odiar?
Como é não poder me encarar?
Imagino que seja difícil me evitar.
Sei que te dói nosso encontro não poder adiar.
Deve ser duro tentar e não me alcançar!

Estou em todas as esquinas,
Freqüento todas as festas,
Brilho em todas as baladas...
Me esquivo de todas as suas flechas e balas!

Pareço doce, mas sou amargo!
Sou ambicioso e tomei o que seria seu cargo;
Pra comemorar, apenas acendi um cigarro.
Você, no ponto, ressentido, me vê passar de carro.

Você chora e eu só posso rir.
Tente sorrir, tente brilhar, tente me ser!
Talvez veja uma porta se abrir,
Mesmo que seja pra na sua cara bater!

Pobre coitado!
Nascido e crescido num aglomerado.
Vai envelhecer e morrer encurralado.
Vai apodrecer sem ter brilhado.

Rale e sofra com seu medíocre trabalho!
Chore ao ver seu quase inexistente salário!
Sinta o gosto da terra... seu lugar é no barbalho!
Desapareça! Tranque-se no armário!

Faça melhor: poupe-me!
Poupe-se! Não sofra!
Faça o seguinte:
- Apenas morra!


Gustavo Lacerda

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