10 de jun. de 2007

Das Minhas Verdades

Das minhas verdades, existem palavras.
Das minhas palavras, existem inverdades.
Das minhas verdades, nem tudo é mentira.
Das minhas verdades, o que mais há é verdade.

Dos meus olhos pra fora, há o mundo,
E na realidade gutural deste,
Aquilo que me apraz,
E as coisas que me trazem profunda paz.

Das minhas coisas, das quais muitas são verdadeiras verdades,
Há aquelas que conto, outras que contaram;
Há aquelas que esqueço, e outras que encantaram;
E algumas que ouvi vozes cantarem.

Das suas verdades, algumas acredito.
De seus olhos surgem palavras de silêncio,
Surgem palavras de sentimento,
Firmes e fortes feito cimento.
E disso não duvido, e até acredito.

Das minhas palavras, seu nome é verdade.
Das minhas verdades, a maior é o silêncio.
Das verdades que eu conto, não sei.

Entre a liberdade de ser ou estar.
Entre consumir ou ceder.
Entre negar ou se permitir.
Ficar ou partir?

Meu caos básico de todo dia,
Meu sorriso ácido de quem não queria,
Minha doce personalidade arredia
Convertida na mais árida poesia.

Os olhares e desejos de cada um,
Das voltagens e ausência de nenhum,
De mares distantes para lugar algum.
É esse o caminho: o inverso desses versos.

A verdade e tudo mais é relativa.
Relativa a convicção de quem está.
Toda verdade é solidamente oca,
E as convicções... absolutas.

Das verdades que eu conto, não lembro.
Das verdades que sei, na verdade não sei.
Das minhas verdades, tiram-se uma ou três.

Eu não minto, apenas finjo.
Das minhas omissões, sobram verdades
Que doem (em mim, em ti) quando grito,
Que rasgam suas roupas quando conto.

Das minhas verdades, você eu omito,
E a mim... negligencio.
Das minhas verdades, em qual devo crer?
Naquela que omito?

Das suas verdades, em qual não acreditar?
Naquela que não omite?
Das nossas verdades, somente nossos ouvidos sabem o que é real.
Do que é nosso, quase tudo é verdade.

Na realidade das minhas mais profundas verdades
Você não passa de mais um ou mais uma, que vai e volta e vai.
E eu sou a única firme e inabalável verdade dessa trama.



Gustavo Lacerda

Um comentário:

Fripe disse...

As convicções são inumeras, mas verdades mesmo, acho que todos temos poucas...
E você é assim, uma dessas verdades absurdas que sacodem a gente de vez em quando, sem se expor por comleto...
Uma espécie de "verdade-interrogação", mas o mistério também faz parte!