28 de jan. de 2012

Fábulas Amargas

Não tenho essa capacidade que muita gente tem
De se entregar às fantasias, às ilusões da vida.
Já fui capaz, mas também já tive mais disponibilidade.
Só que eu não tenho mais tempo pra isso.

Eu não tenho tempo para fábulas!

O amor falado, escrito, reafirmado, repetido.
O amor aguerrido, partido, complicado.
O amor difícil de efetivar é uma fábula!
É uma fábula onde as persaonagens são objetos
Separados pelo vidro de uma cristaleira!
É uma fábula amarga, avessa ao que dizem por aí.

Eu só me dedico a contos realistas.
Minha realidade é visceral,
Minha poesia é vicejante.

É aprazível a satisfação de todo desejo, de toda paixão.
O que não significa que não sejam dispensáveis,
Sem remorso, sem dor, sem saudade, com raras recordações.
Ambos podem ser facilmente substituídos
Pela leitura de outra fábula menos amarga.

A mente nos oferece ilusões a rodo.

Amor tem um tempo longo de gestação,
Mas, quando nasce, amadurece com naturalidade.
Amor é simples, leve e substancial,
Não precisa ser falado ou escrito, tampouco reafirmado.

Suas fábulas amargas estão escritas a tinta no papel;
Basta uma gota para borrá-las.
Meus contos e poesias visceralmente vicejantes
Estão no disco rígido, com backup na nuvem.

Gustavo Lacerda.

26 de jan. de 2012

Escolhas Certas

Penso que o certo de cada um é aquilo que lhe convém; aquilo que, intuitivamente, lhe cai bem.

Quase todo mundo, em diferentes momentos da vida, faz as escolhas certas, mas nem todos os que compõem este “quase” obtêm resultados positivos sobre essas escolhas – ouso dizer, até, que o resultado pra grande maioria é neutro ou em linha com o imperceptível.

Alguém um dia cantou que "a felicidade do pobre é o trabalho". Eu concordo! Então, se não enriqueceu com suas "escolhas certas", não caia na cilada da frustração, que nos seduz a todos com suas vis e/ou confortáveis "melhores opções". Vá trabalhar! Vá repensar suas escolhas e o quanto elas de fato lhe são convenientes. Garanto que a reflexão tornará suas escolhas mais que certas: as tornará certeiras.

O zero a zero sempre será um risco iminente - não há como fugir disso.

Tristemente, há um grupo muito pequeno de pessoas – tão imperceptíveis quanto aquela grande maioria que contextualizei – que não sabe lidar com o zero a zero. Esse grupo é composto por pessoas que simplesmente não conseguem respirar diante do fato de não terem qualquer destaque além de um micro-mundo fantasioso no qual só se brilha no escuro embriagado das noites-clone. Essas pessoas, ao invés de concentrarem-se em respirar melhor e buscar uma vida saudável, irracionalmente objetivando se destacar diante da suposta desgraça alheia, limitam sua existência a mediocridade do boicote a vítimas aleatoriamente selecionadas. O que estas pessoas não conseguem enxergar, por acreditarem-se socialmente engrandecidas por seus atos, é que vestem em forma de adjetivo aquilo que para o referido boicote é substantivo.

Acredito que a escolhas mais certas, mais prudentes, mais cabíveis a qualquer pessoa, por serem genericamente convenientes, são as de reservar-se nas próprias frustrações e não abrir mãos de escrúpulos, pois, no fim das contas, é a falta deles que nos lançará no referido substantivo do boicote.

Gustavo Lacerda.

22 de jan. de 2012

O Fim...


Não nasci para ser amado,
Nasci para ser apreciado.
Estou aqui para ser lido,
Não vim para ser compreendido.


Tenho ligação direta com o caos,
Sou transmissor da paz,
Catalisador do que é voraz!


Meu calor envolve corpo e alma,
Torna a tormenta em calma,
É hipnotizante, motivador,
Acalenta os apaixonados e da vida ao amor.



Paixão é pouco,
Amor é o que sinto.
É por ele que grito e fico rouco,
É por ele que me calo e nunca minto.


Nasci para amar e não ser amado!
Se me queres, basta estar apaixonado.
Sou volúvel e descomplicado,
É melhor não se entregar, permito-me ser sugado.


Sou apaixonante e vou me entregar a você,
Meu coração é grande, mas de repente fica apertado.
Do principio até o meio me deixarei absorver,
Mas, quando menos esperar, vou sumir, mas não calado.


Terei te amado profundamente;
Vivo a vida intensamente!
Do fim... me esquecerei completamente!


Se eu disser “Te Amo”,
Acredite: terei amado!
Não se preocupe quando me for, por onde ando.
Não tente, esqueça! Me deixe de lado!


Se eu partir seu coração,
Esteja certo de que o meu talvez, também, tenha sido partido.
Entregue-se a uma nova paixão!
Não me espere, não voltarei depois de ter ido.


Não sofro com o fim.
Esqueço tudo muito rápido.
Sei que pareço duro e frio assim,
Mas tudo é fruto do tempo e da liberdade,

Que me conduzem pálido, porém não árido, pela vida.

O tempo é o que nos leva a partir,
A liberdade é o que nos permite falar,
O tempo é o que faz qualquer amor falir,
A liberdade é o que nos permite cada vez menos chorar.


Quando a hora chegar
Vou partir para algum lugar,
E saiba que não vou voltar.


Pra você, tudo terá sido um mistério.
Por um tempo, será eterno.
Não sei, nem você saberá, com qual critério,
Mas nunca terei existido quando chegar o inverno.



Gustavo Lacerda
2ª edição . escrito e publicado em 2007.