8 de set. de 2008

Trombamento

Um pouco de afeto
Para um corpo inquieto.

Uma alma sem teto,
Que voa pelo mundo,
Despregada da carne.

A busca pelo calor
(No descolamento do amor),
Que queime sem provocar dor,
Que core sem ser constrangedor.

O trombamento de corpos aflitos.

O ideal trombamento de corpos
Que se atracam e que quase se agridem
Sem sequer se tocar,
Apenas com a aproximação,
Com o distúrbio causado no coração.

Aspiração insensata.
Inspiração ingrata.
Demonstração inexata.

Um maldito não trombamento de corpos,
Que não revelam nada,
Que revelam tudo,
Que não sabem se expressar,
Que gritam e não podem ser ouvidos.

Por um trombamento de corpos que revele,
Que estenda, que estique uma simples vontade,
Que torne dúvida e desejo em verdade,
Que salve, transforme e transcenda,
Que o teto de carne e de fogo para a alma acenda.

Por uma imantação posterior ao trombamento,
Que impossibilite o descolamento
Do arrebatador e agora indizível sentimento,
Sem arrependimento, para que não haja sofrimento.

Gustavo Füsca.

2 comentários:

CLARIDÃO disse...
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Anônimo disse...
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