2 de jul. de 2007

A Garrafa Vermelha

Três pares de pernas perdidas,
Seis pés calçados e descansados
Tocando com pouca ocupação a calçada.
No caminho, uma garrafa estilhaçada.

Capa vermelha, interior espelhado.
Cor que apaixona por fora,
Imagem que acaricia o ego de quem bebe
De seu liquido estimulante e viciante saindo.

Nada além de uma garrafa velha
Quebrada, jogada e esquecida.
Nada para os olhos de quem não vê.
Pouco, mas algo para os olhos de quem busca
Os cacos de dentro sem lembrar que o faz.

Uma garrafa vazia de café largada,
Com seu despedaçado interior exposto
Por um caminho tocado ininterruptamente
Por inúmeros e incessantes pés em seus passos sem rumo.

Uma garrafa cujo café fora totalmente bebido,
E, posterior a isso, jogada pela janela,
Colocando pra fora cada pedaço
Da infinidade de imagens absorvida por toda uma vida.

Cacos de um espelho interno que encantam.
Um terceiro e solitário par de pernas,
Sustentado por dois pés feridos e bem guardados.
Olhos que fotografam e guardam sem saber
Que aquilo era a visão de um futuro próximo.

Uma mesa posta pelos lados de lá
E uma garrafa vermelha de café:
_ Inteira, não quebrada, talvez restaurada.
Um flash de memória.
Uma xícara de vida para ser bebida.

Gustavo A. Lacerda

Um comentário:

gerson oliveira disse...

voce escreve muito bem!
muito foda!

e essa garrafa dispensan comentarios!
:D
agora até refleti um pouco. omg.



;*