Três pares de pernas perdidas,
Seis pés calçados e descansados
Tocando com pouca ocupação a calçada.
No caminho, uma garrafa estilhaçada.
Capa vermelha, interior espelhado.
Cor que apaixona por fora,
Imagem que acaricia o ego de quem bebe
De seu liquido estimulante e viciante saindo.
Nada além de uma garrafa velha
Quebrada, jogada e esquecida.
Nada para os olhos de quem não vê.
Pouco, mas algo para os olhos de quem busca
Os cacos de dentro sem lembrar que o faz.
Uma garrafa vazia de café largada,
Com seu despedaçado interior exposto
Por um caminho tocado ininterruptamente
Por inúmeros e incessantes pés em seus passos sem rumo.
Uma garrafa cujo café fora totalmente bebido,
E, posterior a isso, jogada pela janela,
Colocando pra fora cada pedaço
Da infinidade de imagens absorvida por toda uma vida.
Cacos de um espelho interno que encantam.
Um terceiro e solitário par de pernas,
Sustentado por dois pés feridos e bem guardados.
Olhos que fotografam e guardam sem saber
Que aquilo era a visão de um futuro próximo.
Uma mesa posta pelos lados de lá
E uma garrafa vermelha de café:
_ Inteira, não quebrada, talvez restaurada.
Um flash de memória.
Uma xícara de vida para ser bebida.
Gustavo A. Lacerda
Um comentário:
voce escreve muito bem!
muito foda!
e essa garrafa dispensan comentarios!
:D
agora até refleti um pouco. omg.
;*
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