27 de nov. de 2012

Pontos

É na escuridão da noite
Rompida pela luz da música
E sob o impenetrável silêncio
Da ausência de vírgulas e pontos
E faces e vozes e olhares
Que me encontro comigo.

Mas sempre há um ponto.

A realidade é franca,
Evidente e tão estonteante que,
Muitas vezes, a gente se recolhe
Nas noites brancas,
Em noites verdes,
Ou puramente fantasiosas.

Há sempre mais de um ponto.

A verdade é que cada um vive
Do jeito que dá conta de viver.

Tem muita gente por aí que,
De tanto não dar conta de si, corre,
Achando que vai realmente chegar
A algum lugar diferente do que está...
Hum... não vai!

Há sempre diversos pontos!

E você não vai chegar!
Não vai, por que sempre estará consigo.

Quem vive como lhe convém,
E é bem pouca gente,
Não tem pressa de chegar,
Por que sempre está exatamente onde quer estar.

Nem adianta correr ou querer se esconder.
Haverá incontáveis pontos no caminho.

Ando em passos de tartaruga,
Por que, nessa estrada, todo castigo
É consequência de pequenos vacilos.

Gustavo Lacerda

Nenhum comentário: