Na falta que você me faz,
Pratico com afinco o desapego
Àqueles por meio dos quais desafogo
As mágoas, que não merecem minhas lágrimas.
Desafogo a tristeza e a lanço,
Em forma de incerteza, nos braços abertos
Daqueles que, por ternura, vêm para me salvar.
Não matarei afogadas essas mágoas.
Deixa-las-ei no árido deserto da solidão,
Escaldando sob a luz do dia,
Petrificando às sombras da noite.
Desejo vê-las morrerem secas!
Na falta que você me faz,
Atiro alucinado, para todos os lados,
Com minha arma carregada de desprezo.
Você me manda cortar os pulsos agora,
E eu o obedeço para que veja
Que não há mais sangue,
Que já não sinto dor alguma,
Que, sem você, o que existe apenas um corpo oco.
Traga-me de volta o sangue,
Beije-me para que eu sinta a dor
Que consiste unicamente em nosso amor.
Devolva-se ao nosso mundo!
Na falta que você me faz,
A morte em vida é insuperável,
A escuridão da noite imensurável
E a alvorada inalcançável.
Salve-me antes que meu veneno
Ácido corroa tudo o que era pleno
E desole todos os bons corações a minha volta.
Gustavo Lacerda.
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