13 de out. de 2009

Tua, Minha, Alma

Como um vampiro, chego silencioso,

Na calada, como quem não quer nada.

Deixo-me perceber.

Aos poucos, você me tem em teu seio,

Me recebe como um dos mais próximos teus.


Como um vampiro, seduzo,

Encanto com as mais belas palavras,

Torno-me indispensável com os mais nobres atos.

Aos poucos, você me tem em teu seio,

E os outros deixam de ter o mesmo brilho.


Sou dos mais ardilosos e insaciáveis

Caçadores vorazes da noite,

E minha noite pode ser de seus mais ensolarados dias,

De manhãs frescas a tardes escaldantes,

De alvoradas promissoras a poentes apaixonantes.


Como um vampiro, que sou, tramo.

Aos poucos, tenho teus seios em meus dentes.

Possuo a você, minha presa da vez,

Meu alimento, meu ego mitigado.


Por vezes, sugo até a última gota,

E parto em seguida, sem olhar para trás.

Apago de minhas memórias sua existência.

O que fica são os traços relevantes de sua alma.


Outras vezes, o sadismo toma conta de mim.

Me apaixono e, nestas, sou eu quem escraviza.

Torno meus dentes em teus seios um vicio,

Que, pra mim, não passa de artifício

Para ver-te deleitando-se com a dor que prenuncia tua morte.


Sou um vampiro – o tempo não me importa!

Quando a sede vier, vou bater a tua porta.

Cedo ou tarde, demorada ou rapidamente,

Ei de sugar a tua alma por completo.


Sugarei até a última gota!

Partirei sem olhar teu corpo vazio.

Apagar-te-ei, sem deixar vestígios.

O que há de ficar são os traços relevantes de tua alma,

Incorporados a minha.


Gustavo Lacerda.

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